Igor de Almeida Silva

Retrato do encenador quando jovem: Antonio Cadengue (1975-1988)

Este projeto objetiva um estudo historiográfico do trabalho teatral de Antonio Cadengue, entre 1975 e 1988, período de juventude e de estabelecimento como encenador na cidade do Recife. Supõe-se que sejam nos anos 1970 e 1980 que Cadengue desenvolve os principais temas e questões de seu trabalho teatral: essencialmente a cultura nordestina e, por extensão, a cultura brasileira, lida por um viés metalinguístico, que a associa de modo intrínseco ao próprio teatro, também este concebido por Cadengue de maneira eminentemente metalinguística (ou metateatral). Na dinâmica do processo de ressurgimento do teatro em Pernambuco nos anos 1970 e 1980, depois do Golpe Militar e em oposição a uma estética de matriz popular, surge no Recife o desejo de um teatro  profissional e cosmopolista. De certa maneira, uma reedição do ideário Sermos tão bons Quanto que impulsiona o teatro brasileiro moderno nos anos 1940. Porém, esta motivação ?cosmopolita? permite uma discussão da cultura brasileira sob novos parâmetros, a partir da herança cultural do tropicalismo e da contracultura que marca a geração de Antonio Cadengue. Neste tensionamento entre o erudito e o popular, a cultura de massa e a cultura tradicional, parece trafegar a produção artística e a reflexão estética no teatro pernambucano do período. E, dentro desse panorama, Antonio Cadengue exerce expressiva participação. Nossa questão centra-se, portanto, em como se dá o estabelecimento desta nova cena no panorama teatral recifense, que se opõe ao teatro popular. E, a partir daí, extrair um retrato, um close, do encenador Antonio Cadengue, no sentido de estabelecer suas matrizes e características estéticas, além de procurar compreender seu papel e relevância no teatro da época.

Início: 08/2019 

Em andamento

 

Valeska Ribeiro Alvim

Dança na escola: uma proposta de fruição na pandemia

Inovando em cenário para o novo espetáculo, o grupo Nóis da Casa, usa o auxílio da tecnologia para projetar animações dos movimentos dos dançarinos. “Fale agora ou cale-se para sempre”, é sobre a maneira como é tratado o assunto gravidez e casamento na adolescência dentro da sociedade acreana. O espetáculo tem previsão de estreia para setembro de 2020. O novo espetáculo, leva o nome de “Fale agora ou cale-se para sempre”, uma alusão aos votos de casamento e uma crítica ao silêncio e normalização de matrimônios precoces e gravidez na adolescência no estado do Acre. É também um convite a reflexão sobre a cultura da nossa sociedade. O casamento precoce pode ser visto com uma forma de buscar independência por muitas garotas no estado, uma maneira de sair mais cedo da casa dos pais, que muitas vezes permitem esse matrimonio. O Acre é um dos estados com a maior taxa de gravidez na adolescência segundo a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente. Por que essas famílias são formadas tão precocemente? Essas adolescentes tem o preparo psicológico para lidar com uma nova família? Como isso se tornou algo banal e aceitável? Foram perguntas como essa que inspiraram o novo espetáculo. Fale agora ou cale-se para sempre, irá usar da arte, da dança contemporânea e de expressões corporais para retratar esse tema. O casamento infantil é um processo de violência “O casamento infantil é um processo de violência”, afirma Viviane Santiago, gerente técnica de gênero do Plan International Brasil (2018), ela acrescenta que “quando uma menina casa, ela não tem mais acesso ao lazer, ela engravida muito cedo, então todo o seu potencial fica retido. Muitas vezes essa menina está submetida a riscos maiores, como a violência”. Com a falsa sensação de liberdade e independência é comum ouvir pessoas afirmando que foi uma escolha da menina, para isso, Viviane rebate “foi uma escolha dela, mas entre o quê? Ela escolheu ser mãe aos 10 anos entre quais opções? Se ela não teve no mínimo mais 10 opções e escolheu ser mãe, não foi uma escolha verdadeira”. No ano de 2018 A Tribuna do Acre mostrou dados de que os casos de gravidez na adolescência chegaram a 29,33% no estado. A cidade de Tarauacá é a primeira nos casos de gravidez na adolescência, com 35% dos casos, seguida por Porto Walter (33,19%) e Marechal Thaumaturgo (32,20%), a capital fica em último com os menores indicadores de gravidez na adolescência, 17,45%. A psicóloga Silvana de Oliveira afirma que a cada 10 adolescentes que chegam grávidas a Maternidade Bárbara Heliodora, apenas uma está acompanhada do pai da criança. Esse é chamado por ela de “momento da consciência de que a responsabilidade vai pesar ainda mais sobre elas”. A gravidez na adolescência merece atenção da sociedade principalmente por três motivos: a evasão escolar, a mortalidade infantil e a falta de instabilidade financeira e emocional. O ginecologista Everton Santiago diz que a medicina considera que a melhor idade para ter o primeiro filho é entre 20 e 29 anos. Quando acontece antes disso os riscos de partos prematuros, hipertensão, infecção maternas e até mesmo a morte são maiores. O corpo de uma menina não tem a estrutura física necessária para uma gestação. Para a legislação brasileira a idade legal para o casamento é de 18 anos, no entanto, havendo o consentimento de pais ou responsáveis o casamento pode ser realizado com a idade de 16 anos. Mas muitos dos casamentos envolvendo menores de idade não acontecem de forma tradicional, é comum que as pessoas apenas passem a morar juntas. Há a expressão popular “pegou para criar”, quando um homem mais velho se casa com uma menina. Como tal coisa se tornou comum e aceitável ao ponto de existir uma expressão popular? Viviane Santiago explica que isso segue a lógica do “pelo menos”, que diz “pelo menos agora ela tá casada e não vai ficar com qualquer um, pelo menos agora a família dela não precisa se preocupar”. É fácil notar que o casamento infantil nada tem a ver com escolha e sim com o poder sobre os corpos e vidas de mulheres e meninas, resultante da cultura machista e patriarcal que vivemos. Então, enquanto essa menina procura o casamento, seja no interior do Acre ou na capital de São Paulo, ela busca independência, liberdade e encontra o oposto disso. Esse ano nossa intenção com o projeto é levar esse produto cênico, assim como as discussões que ele faz emergir para dentro de dez escolas públicas do ensino médio.

Início: 05/2021 

Em andamento

 

Leonel Martins Carneiro

A experiência do teatro: um olhar sobre a produção e a recepção do teatro em Rio Branco – AC

A presente pesquisa propõe uma cartografia das práticas de produção e recepção utilizando-se de metodologias de pesquisa participante, pensando o teatro como práxis social que extrapola os limites do tempo e espaço teatral. Tal abordagem terá como vetor analítico os conceitos de experiência, com base em estudo desenvolvido por John Dewey (2010) e pela pesquisa que realizei em minha tese de doutorado (CARNEIRO, 2016). Ao fim da pesquisa espera-se desenvolver uma coleção e sistematização da produção e recepção do teatro na cidade de Rio Branco, integrando os saberes da universidade e da comunidade.

Início: 08/2019

Em andamento

 

Flavio Santos da Conceição

 

Oprimido e Opressor, Luz e Sombra, Sim-bólico e Dia-bólico: processos de reflexão subjetiva na metodologia do Teatro do Oprimido

O projeto “Oprimido e Opressor, Luz e Sombra, Sim-bólico e Dia-bólico: processos de reflexão subjetiva na metodologia do Teatro do Oprimido”, pretende oferecer um diálogo conceitual a partir de autores que não são, necessariamente, ligados ao campo das Artes Cênicas. O objetivo é refletir sobre os aspectos subjetivos do comportamento humano, aproximando conceitos antes dicotômicos, como oprimido/opressor, luz/sombra, analisando como todos nós humanos somos ao mesmo tempo “sapiens” e “demens”, construtores e destruidores, “sim-bólicos” e “dia-bólicos”. A dicotomia desses conceitos, muitas vezes, coloca o ser humano ora como um deus, ora como um demônio. Porém o ser humano tem todas as potencialidades destrutivas e construtivas dentro de si, concomitantemente. A pesquisa pretente analisar como a metodologia do Teatro do Oprimido, a partir do conceito de Oprimido/Opressor, pode ser um combustível que auxilie na percepção humana de seus praticantes, trazendo à tona o debate subjetivo a partir das práticas teatrais desenvolvidas pelos estudantes de Artes Cênicas.

Início: 08/2020

Em andamento

 

Carlos Alberto Ferreira da Silva

 

O princípio somático-performativo Flâneur Cego e seu desdobramento político e social na Cidade de Rio Branco pela perspectiva da Educação Inclusiva

O projeto parte dos estudos do princípio somático-performativo Flâneur Cego, conceito criado ao longo da pesquisa de doutorado, “Cidade Cega: Uma encenação somático-performativa com atores/performers com deficiência visual na cidade”, cuja proposta parte da inquietação de como compreender a cidade por um viés político e sensível, ampliando as frentes de discussão sobre Acessibilidade Cultural e o conceito de pertencimento na cidade de Rio Branco. Dessa forma, a pesquisa se estrutura e ampara nas áreas da arquitetura, do direito e das engenharias, buscando somar com a área das artes cênicas, a fim de compreender o quanto as interferências da intervenção urbana, por meio de ações performativas e teatrais, podem ampliar discussões acerca de um tema tão significativo e, ao mesmo tempo, incipiente, envolvendo a área da inclusão e os impactos das urbes para o planejamento de uma cidade mais acessível para pessoas com deficiência.

Início: 09/2021

Em andamento

 

Hanna Talita Gonçalves Pereira de Araujo

 

Visualidades e Narrativas Amazônicas: interlocuções entre arte e cultura

Este projeto tem como objetivo analisar o papel das visualidades amazônicas na construção narrativa, privilegiando o diálogo entre as linguagens artísticas. Consideramos que o ser humano é um ser narrativo que faz uso da linguagem por meio da significação (BRUNER, 1997) e, deste modo, organiza seus modos de ser e estar no mundo. As visualidades presentes no cotidiano influenciam de maneira definitiva nossa percepção, ao mesmo tempo que a narrativa media a própria experiência e configura a construção social da realidade, o que inclui a subjetividade. Para abordar o assunto, utiliza-se como opção metodológica a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo. Teóricos do campo das artes visuais (BARBOSA, 1997, 2008; PILLAR, 2009; OSTROWER, 1997, 1987, 1999, 1988), da função social da imagem (GOMBRICH, 1993, 2007, 2012) e do campo narrativo (BRUNER, 1997; RICOUER, 2012, 2019) servirão de arcabouço para a análise dos dados. Buscaremos compreender, por meio de experiências de arte-educação com crianças, jovens e adultos em espaços plurais na região amazônica, as relações entre as visualidades e a construção narrativa.

Início: 12/2021

Em andamento